sábado, 13 de agosto de 2011



  • "Quando a sua voz me falou: vamos
    Eu vi deus sentado em seu trono: vênus
    A religião que nós dois inventamos
    Merece um definitivo talvez... pelo menos
    Perceba que o que me configura
    É sempre essa beleza
    Que jorra do seu jeito de olhar
    Do seu jeito de dar amor
    Me dar amor
    Se hoje amanheceu um dia escuro
    Foi porque capturei o sol pra mim
    Perceba que o que te configura
    É sempre essa beleza
    Que jorra do meu jeito de olhar
    Do meu jeito de dar amor
    Te dar amor
    Perceba que o que nos configura
    É sempre essa beleza
    Que jorra do nosso jeito de olhar
    Nosso jeito de dar amor
    Nos dar amor
    Não falo do amor romântico,
    Aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento.
    Relações de dependência e submissão, paixões tristes.
    Algumas pessoas confundem isso com amor.
    Chamam de amor esse querer escravo,
    E pensam que o amor é alguma coisa
    Que pode ser definida, explicada, entendida, julgada.
    Pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro,
    Antes de ser experimentado.
    Mas é exatamente o oposto, para mim, que o amor manifesta.
    A virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construído, 
    inventado e modificado.
    O amor está em movimento eterno, em velocidade infinita.
    O amor é um móbile.
    Como fotografá-lo?
    Como percebê-lo?
    Como se deixar sê-lo?
    E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor não nos domine?
    Minha resposta? O amor é o desconhecido.
    Mesmo depois de uma vida inteira de amores,
    O amor será sempre o desconhecido,
    A força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão.
    A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação.
    O amor quer ser interferido, quer ser violado,
    Quer ser transformado a cada instante.
    A vida do amor depende dessa interferência.
    A morte do amor é quando, diante do seu labirinto,
    Decidimos caminhar pela estrada reta.
    Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos,
    E nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim.
    Não, não podemos subestimar o amor e não podemos castrá-lo.
    O amor não é orgânico.
    Não é meu coração que sente o amor.
    É a minha alma que o saboreia.
    Não é no meu sangue que ele ferve.
    O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito.
    Sua força se mistura com a minha
    E nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu
    Como se fossem novas estrelas recém-nascidas.
    O amor brilha.
    Como uma aurora colorida e misteriosa,
    Como um crepúsculo inundado de beleza e despedida,
    O amor grita seu silêncio e nos dá sua música.
    Nós dançamos sua felicidade em delírio
    Porque somos o alimento preferido do amor,
    Se estivermos também a devorá-lo.
    O amor, eu não conheço.
    E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo,
    Me aventurando ao seu encontro.
    A vida só existe quando o amor a navega.
    Morrer de amor é a substância de que a vida é feita.
    Ou melhor, só se vive no amor.
    E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto.”

    (MOSKA).

Nenhum comentário:

Postar um comentário